sábado, 21 de fevereiro de 2015

QUANDO EU NÃO ERA MÃE




Engraçado, quando não somos mães ainda, nos parece parece tão fácil criar filhos. Não dizemos isso pros outros, claro; se uma mãe reclama, concordamos e completamos: "nossa, imagino mesmo que seja difícil", e no fundinho pensamos "nossa como ela reclama, o bebê dela é tão bonzinho. Não deve ser toda essa dificuldade não". 
Ai, meu Deus, como é verdadeiro o ditado: o filho mais fácil de criar é o dos outros

Quando penso nessa minha fase de não-mãe e sabe-tudo, sabe o que eu penso?

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Porque eu era assim? Sabia de nada mesmo, inocente.

É por isso que, hoje, vejo tudo tão diferente de como via. Como muda nossa opinião sobre o mundo, sobre as pessoas, como mudam os julgamentos...alguns surgem, outros desaparecem.
Hoje, encaro de forma tão distinta situações que antigamente  me faziam questionar: porque essa mãe tá fazendo isso?

Vivendo e aprendendo. Quer exemplos? 

Vem ver:

SITUAÇÃO: A clássica cena de birra no chão no meio do shopping ou do supermercado.
COMO PENSAVA ANTES: Pelo amor de Deus, essa mãe não controla esse filho? Onde essa geração vai parar?
COMO PENSO HOJE: Força amiga, essa fase vai passar. Sinta-se abraçada neste momento. Desejo paz para a criança e para você. Tamo junto!

SITUAÇÃO: Criança correndo, cai no chão e começa a chorar. Mãe nem aí, nem viu. Segue andando.
COMO PENSAVA ANTES: Que mãe sem noção! Essa criança se estropiou e a mulher no mundo da Lua, que isso!
COMO PENSO HOJE: Hoje eu sei que você só finge que não viu, querida mãe. No momento da queda você já ativou sua super visão raio-x materna e detectou que foi mais susto que tombo, todos os ossos no lugar. Beleza. Finge que tá tudo bem porque é batata: se a mãe faz cara de preocupação, é berreiro na certa!!! Depois de 2 minutos já tamo lá, apalpando pra ver se tá tudo ok! Isso ninguém vê, rs!

SITUAÇÃO: Restaurante lotado e bebê chorando no cadeirão, tacando comida no chão. Mãe nem aí.
COMO PENSAVA ANTES: Restaurante não é lugar de bebê!! Traz e ainda deixa de lado, o bebê tá chorando e a mãe comendo. Dá um jeito, mulher!
COMO PENSO HOJE: Isso, amiga, foco! Jajá ele pára ou o pai acaba de comer e pega pra você comer sossegada. Eu sei que esses momentos desanimam, mas se não passarmos por eles, ficamos trancadas em casa por pelo menos 10 anos. É necessário ter vida social, nem que for um pouquinho! Respira, coma tranquila. Vai passar.

SITUAÇÃO: Mãe num lugar com muita gente, bebê chora e quer mamar. Mãe meio sem jeito (já que não tem outro jeito), vai se ajeitando para amamentar.
COMO PENSAVA ANTES: Nossa, como ela é corajosa! Vai amamentar aqui? No meio de todo mundo? Depois acha ruim todo mundo ficar olhando!
COMO PENSO HOJE: Porque tá todo mundo olhando? O bebê tá com fome e daí? Ver o peito da globeleza numa 50 polegadas beleza, né? Agora uma mãe amamentando seu filho deixa todo mundo constrangido! Ah, vá! (hahahahahah, sério, ja pensei isso!)
*lembrando que eu sempre preferi amamentar num lugar tranquilo, silencioso, momento mãe-bebê só. Mas se não tem jeito, fazer o quê?

Quanta bobagem passava pela minha cabeça antes de minha pequena chegar! Rs Quanta falta de paciência, de tolerância, de camaradagem.

Não era minha culpa, eu não sabia! rs

O certo é que essas gracinhas pequeninas chegam na nossa vida para nos ensinar a sermos mais compreensivas, mais pacientes, menos soberbas e muito mais humanas.
Nos ensinam a contar té 1000 ao invés de 10, a esperar sem murmúrio,  a aceitar que nem tudo está sob nosso controle. 
E se tudo isso nos ensina, por fim, a sermos pessoas melhores, então posso dizer que não tenho saudades do meu eu-não-mãe. 

Obrigada, minha filha.

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