quinta-feira, 25 de junho de 2015

PÁRA QUE QUERO DESCER



De todos os obstáculos que a vida me apresentou até agora, não achava que esse seria o que me botasse mais medo, não achei que fosse o que mais me faria querer sair correndo, contorná-lo, evitá-lo, fugir....
Até agora, encarei o que veio de frente, com medo, às vezes muito medo, mas enfrentei. Saí de casa aos 17, encarei a faculdade, encarei viver fora do Brasil, encarei voltar pra casa dos meus pais (que é mais difícil que sair), encarei a pobreza de recém-formado (que meio que dura até hoje, hahahaha!) encarei o casamento, encarei a maternidade...e com ela encarei até agora os obstáculos mais desgastantes possíveis...mas, esse...esse tá me pegando. Não quero mais. Cansei. Não quero mais brincar de criança doente em casa.

Não sei se é a escolinha, não sei se é o clima, não sei se é porque ela mamou leite materno só até 11 meses, e também não sei se foram todos esses fatores juntos. O fato é que há 5 meses vivo a angústia de ver uma criança incomodada, sofrendo, irritada, sem ânimo. É claro que tem dias melhores, que ela sara, fica ótima e super disposta. Mas eu evito comemorar, porque né...vai que...e sempre é assim, volta tudo!

Quando grávida, eu brincava que queria que meu bebê fosse minha cara, mas queria que em duas coisas ele/ela puxasse o pai, e não a mim: não queria que viesse com minha cegueira (míopes entenderão!) e com minhas crises de alergia/asma/bronquite/rinite que me enlouquecem desde criança (sério, eu fico muuuuito mal). Bom, a menina veio com visão de lince (oremos!), enxerga tudo!! T-U-D-O! (esses dias viu uma bola debaixo de um carro que tava a uns bons 50 metros na escura garagem do prédio da minha mãe. Oi? Claro que eu não vi nem a pau, né!)....contudo, veio com esse pulmão e nariz maravilhosos da mãe (ironia define)!

Não pode fazer um ventinho que a menina tosse, espirra, se coça, dói a garganta, dá febre, sapinho (sim, sapinho! Porque cai a resistência), e vamos tentando cuidar disso tudo de uma vez só, com 4 braços (dois da mãe e dois do pai, hahaha), vamos fazendo malabarismo, mas não dá...piora daqui, piora dali, quando vemos, pimba! É princípio de pneumonia. E vai antibiótico, e vai inalação 5x por dia, e vai criança sem dormir há dias, berrando e vomitando o remédio, e pais que decidem dar o antibiótico injetável. Só que aí vira criança que berra mais, com a bundinha inchada, a fralda com sangue, perninha doendo, e crise que não melhora. Bom, no fim, tudo termina com Eleonora sem poder ver qualquer pessoa vestida de branco. Ela chora na-ho-ra! rs.

Sabe gente, eu não sei mais o que fazer. Eu tô entregando os pontos.
O pior é que eu não aguento mais o tanto de pitaco e conselho que eu recebo, o que me deixa milhões de vezes mais ansiosa, que deixa o pai mais perdido, e nós dois juntos uma pilha de nervos. "Dá homeopatia", "não lava o cabelo", "seca com secador", "não seca com secador", "dá suco de laranja", "dá vitamina C", "não dá feijão"(??????????), "tira da escola", "compra isso", "compra aquilo", "compra tal remédio".  Putz, nessa brincadeira já gastamos uma fortuna, sério.
Não, gente, pááááára! Só vem falar comigo se você tiver um super poder ou uma fórmula mágica que não vai mais deixar minha filha ficar um diazinho sequer doente, ok? Bom, se você for um pneumologista formado em Harvard, aí você pode vir falar comigo também. :)

Sabe, eu sei que as coisas não são assim tão simples, sei que é uma fase, sei que vai passar (eu tenho o mantra para isso, lembram?). Mas, às vezes, precisamos desabafar, porque por para fora faz parecer que o difícil virou fácil, mesmo que rapidinho.
Enfim, a bola da vez é uma febre que não passa, que persiste bem alta e nada ainda se manifestou. Não sei se espero infecção urinária, ou se espero uma dor de garganta daquelas, ou mais uma bronquite sem noção. 

O saldo materno dessas doencinhas sem fim: noites e noites sem dormir, olheiras gigantes, bebê no colo o tempo todo, casa num estado de caos, cabelo num estado de caos, unhas num estado de caos.
Entenderam por que quero sair correndo?

Mas não é isso o fim do mundo não. O que mata o coração, é ver a pequena assim tão para baixo, quando, na verdade, é uma criança tão sorridente e feliz.

Aguardemos para os novos capítulos dessa história. Espero que sejam mais animadores. 

Adieu!