terça-feira, 24 de junho de 2014

VAI ENCARAR?




Demorou, mas aconteceu. Os meses se passaram e ela percebeu, aprendeu. Eleonora fez a grande descoberta da vida, e já era tempo.
Finalmente, dentro da sua cabecinha que trabalha a mil por hora, chegou a informação, a notícia, a realidade que nenhum bebê quer saber: eu não sou a mamãe, a mamãe não sou eu. 
Por fim, ela se enxergou como um ser humano independente daquele que a gerou, que a alimenta, que a acolhe. E para ela (como é para a maioria dos bebês), a notícia foi devastadora, assustadora, aterrorizante.

Foi depois dessa grande descoberta, que chegou pra valer aqui em casa, entrando sem pedir licença, a mardita da "angústia da separação". E com ela veio uma obsessão maluca pela mamãe. Resultado: mamãe não pode sair do campo de visão do filhote. 
Na cabecinha da pequena, se ela não vê, então não existe. Se eu não vejo a mamãe, então ela foi embora. E por isso ela bota boca no mundo com vontade.

Meu caro, tem que ser muito macho para encarar mais essa. Duvida? Dá uma lidinha aí embaixo como é uma noite/madrugada de quem tem a companhia dessa bendita angústia em casa. 

Acompanhe:

22:00 - Bebê na cama, hora de dormir. Finalmente o pai e a mãe vão jantar depois de um dia exaustivo, com muito trabalho e um bebê que deve ter chorado umas 5 cinco horas, sem exagero.

23:00 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉ
Mamãe corre no quarto, segura na mãozinha, faz carinho na cabeça, sussurra no ouvido. Cinco minutos depois, bebê dorme.
Pai e mãe vão dormir.

00:00 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉ
Mamãe corre no quarto, segura na mãozinha, faz carinho na cabeça, sussurra no ouvido. Dez minutos depois, bebê roncando.
A mãe, que estava entrando num soninho gostoso na hora do choro, capota na mesma hora.

01:00 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉ
Mamãe corre no quarto, segura na mãozinha, faz carinho na cabeça, sussurra no ouvido. Bebê reclama, resmunga, quer colo. Mamãe pega, nina por uns 10 minutos e bingo! Bebê dormiu.

Mamãe perdeu um pouco o sono depois do susto. Vai ler um livro pra ver se o sono volta. Lê dez páginas e ¡adiós!

02:15 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉÉÉÉÉÉÉÉÉ
Mamãe corre no quarto, segura na mãozinha, faz carinho na cabeça, sussurra no ouvido. Põe a chupeta, dá o paninho, faz um cafuné. Espera 15 minutos e voilà! Dormiu!

Nesse momento a entidade da mulher faxineira toma conta do corpo da mãe, e ela começa a arrumar a casa, lavar a louça, dobrar umas roupas, catar os brinquedos espalhados pela casa. Toma uma água e cataploft!

03:40 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉÉÉÉÉ
Mamãe acorda quebrada, vira pro lado e manda o pai ir lá acodir. O pai vai meio sonâmbulo. BUÉÉÉÉ ÉÉÉÉÉ UUUÉÉÉÉ. A mãe semi-acorda. UÉÉÉÉUÉÉÉÉ UÉÉÉÉÉ. Ela espera 5 minutos. BUUUUÉÉÉÉÉÉÉ. Não adianta, a menina quer a mãe. 
Mamãe corre no quarto, segura na mãozinha, faz carinho na cabeça, sussurra no ouvido, dá um pouco de mamar. Dez minutos depois, ZzZzzzzzzz.

04:30 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉÉÉÉÉ
Mamãe corre no quarto, já levando o seu travesseiro. Deita do lado do pequeno colchão, encima do tapete. Põe a chupeta, dá o paninho, segura na mãozinha e cinco minutos depois, as duas pra lá de Bagdá.

Uns 35 minutos depois, a mãe acorda quebrada. Levanta sem fazer um pio, e sai à francesa do quarto, bem de fininho, para voltar pra cama.

05:30 - BUÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ UUUUUÉÉÉÉÉ UÉÉÉÉ UÉ UÉÉÉÉÉ
Mamãe levanta e corre no quarto, mas antes dela chegar o choro cessa. Mamãe só bota a cabeça na abertura da porta, e a bebê tá lá, de chupeta na boca, segurando seu paninho, olhando esperançosa pra porta. Ela olha a mãe e sorri, vira de lado, se ajeita no travesseiro, solta um barulhinho e dorme tranquila depois de ter visto o rosto da mamãe.
A mãe tem um ataque de fofura e vai lá dar uma cheiroquinha na filhote antes de voltar pra cama.

06:00 - O despertador toca. Como assim já amanheceu?
A mãe levanta que nem um zumbi, para mais um dia cheio.


É depois de uma noite dessas, que não existe corretivo no mundo que melhore as minhas olheiras, que as horas passam de forma estranha, que  passo o dia tirando uns cochilos esquisitos, sonhando as coisas mais malucas possíveis, e com um humor daqueles. 

E fazer o quê? Tem que esperar passar. Pedir paciência. Contar até 100, 200, 500... e porque não, se permitir chorar e extravasar um pouquinho. Chorar as mágoas para outras mães. 
E, no fim, trazer o filhote para perto, e dizer que não tem problema, que a mamãe não vai embora, que não precisa ter medo, e que se necessário, levantamos mais 1, 2, 3 vezes.

E aí, vai encarar?

terça-feira, 17 de junho de 2014

MONTESSORIANDO

Gente, é o seguinte: faz mais de um mês que as coisas por aqui andam numa correira sem fim. Esse esquema casapraarrumar-marido-trabalho-bebêpequeno-copadomundo-finaldesemestre não é fácil não. Assim sendo, o blog ficou meio às moscas, um postinho aqui, outro acolá.... Mas, agora volto com tudo! As coisas parecem que estão se ajeitando (e as férias chegando!!!!).
Hoje vim contar um pouquinho sobre uma coisa que prometi há mais de dois meses: o quarto da bonitinha! :)
Na verdade, nem era a hora de vim postar como está sendo a vidinha com a Eleonora num quarto montessoriano, simplesmente porque o quarto ainda NÃO está pronto! 
Assim, já está mas não está, sabe? É que a gente queria fazer tantas coisas mais, mas a grana tá tão curta, mais tão curta, que pelo jeito só ano que vem pras coisas que nós tanto queríamos estarem todas no lugar certinho. Mas a fofinha tá super feliz, e é isso que importa. Ela A-D-O-R-A ficar no espacinho dela! :)
Pois bem, lá vamos nós então nos contentarmos com o que temos, e papear sobre o assunto. Acompanhe:
Já faz dois meses e meio que decidimos transformar o quartinho da boneca em um quarto totalmente acessível à nossa bebê, onde ela possa crescer e se desenvolver com autonomia de uma forma saudável.
Aham.
Gente, é mais fácil falar do que fazer, hahahaha, vocês devem imaginar. 
Um quarto acessível para um bebê que mal mexe no seu espaço é muito fácil de fazer e controlar. Agora, um quarto para um bebê que não pára quieto nem um segundo e quer fuçar em todas as coisas e saçaricar em tudo quanto é canto é beeeeem mais complicado, rs. E a menina tá bem nessa fase de curiosidade além da conta. Mas nós estamos encarando o desafio. E sabe o quê? Tem sido uma experiência bem legal, estamos adorando! E a pequena também! (Quero ver eu repetir essa frase quando ela começar a engatinhar)
Tudo começou com a atitude mais radical que uma mãe pode tomar em relação ao quarto de um bebê: dissemos adeus ao berço. Desmontamos o bendito e colocamos o pequeno colchão no chão. Não fica direto no chão não, o tapete de pêlo curto veio lá da sala direto pra debaixo do colchãozinho. E sabe os protetores de berço? Viraram protetores de parede! Ficou mara! E custo zero! :)
Eu me perguntava até quando minhas costas iam me acompanhar nessa loucura de colchão no chão, e para variar, eu me surpreendi mais uma vez. Como sou obrigada a me ajoelhar para por a fofinha na cama, eu acabo por forçar muito menos a coluna, o que me ajudou demaaaaais. A dor nas costas me matava desde que tinhamos abaixado o colchão no berço. Agora não mais. Os meus músculos e ossos agradecem.
Dá uma bizoiada em como ficou:
Um item bem importante do quarto montessoriano é a sensação de amplitude. Morando num apErtamento, isso pode ser bem difícil. No caso daqui de casa até que deu certo, ficou bem espaçoso!
Dentro do berço, a Eleonora ficava super mega hiper entediada. Por conta disso, era só acordar que ela já chorava, botava a boca no mundo, e eu tinha que pular da cama igual uma doida para ir fazer a garota se acalmar. Afinal, não tinha o que ficar olhando dentro daquele espaço fechado, a não ser o móbile que ficava pendurado no suporte do mosquiteiro, mas que não adiantava muita coisa, já que ela não alcançava e não podia por a mão. 
Foi por causa desse tédio todo que optamos pelo adesivo de parede. Além de deixar o quarto mais bonito, ele é uma ótima distração; a bebeia passa horas tentando pegar as florzinhas, as corujas e pôr a mão no porco-espinho. 
Quando ela acorda ela fica soltando vários gritinhos de olho nos passarinhos, é uma fofura! Isso não quer dizer que ela acorde e fique lá se divertindo horrores e eu continuo dormindo lindamente por mais umas 3 horas. O que acontece é que, como agora ela acorda e se distrai um pouquinho, dá tempo de pelo menos espreguiçar, fazer um xixi, escovar os dentes e tacar uma água na cara antes de enfrentar a ferinha. 
Lá do outro lado do quarto, perto da porta estão dois móveis que por enquanto ainda são indispensáveis: a cômoda e o criado. (Lembrando que a filosofia montessori pede um quarto com poucos móveis)
A cômoda ainda é importante pois é onde troco a Eleonora e é onde guardo todas as suas coisas, desde roupas até fraldas e itens de higiene. Assim que ela crescer e começar a entender as coisas, as duas gavetas de baixo serão destinadas a seu uso próprio. Nelas estarão as suas roupas do dia-a-dia, seus sapatos e meias. Ali ela terá livre acesso, poderá se vestir e se desvestir sozinha. Nas duas gavetas superiores eu vou guardar o que e não quero que ela fique fuçando, até para poder dar uma controlada na bagunça.
O criado está aí ainda, mas será temporário. Por enquanto é nele que eu guardo os brinquedinhos (que são poucos, pois a maioria fica espalhada pela casa, rs) da pequena e os seus livros. Quando liberar mais espaço no quarto, ele irá para outro cômodo.
Por fim, no outro canto, em frente à cama, está por enquanto o sofá de amamentação. Sim, você leu certo. Eu não tenho uma poltrona de amamentação, eu tenho um sofazinho. Sim, sou espaçosa. Rs. Enquanto a Eleonora mamar eu irei precisar dele, não tem o que fazer, ele me ajuda demais. Fora que eu só sento nele para dar mamá, então quando a pequena chora de fome, é só pegar a danada e sentar no bicho que ela já sabe que vai mamar, o choro pára na hora! 
Antes de mudarmos para esse ap, morávamos numa casinha de dois quartos, e a Eleonora dividia o seu espaço com o escritório. Óbvio que eu não tinha nem poltrona de amamentação, quem dirá um mini-sofá. Resultado: eu amamentava só na cama. Isso seria impossível hoje. Com um bebê pequenino demais, ok. Dá certo. Agora com um bebê grandão é muito difícil arrumar posição. Graças a Deus isso não é mais necessário.
Mas, voltando...rs...O sofá fica até quando o desmame chegar. Quando ele se for, dará lugar a uma mesinha com cadeira e a uma pequena estante-biblioteca (que por enquanto, como disse, está sendo nosso criado). Eu tava doidinha para já colocar tudo isso no pequeno quarto, mas a logística não permite, ia ficar apertado demais. E como ela ainda é muito pititica, não faz falta nada disso.
Então, em resumo é esse o quartinho da menina:
O que ainda falta e é meio que urgente e queremos providenciar o mais rápido possível assim que a conta bancária permitir, é uma barra, que irá na parede bem ao lado do sofá, acima dos adesivos; um espelho, que irá ao lado do esquilo (ou será um gato?) ao pé da árvore; e por fim, placas de e.v.a que irão contornar o tapete e proteger ainda mais a fofinha do chão gelado.
E aí? Gostaram? :)
Antes de terminar esse post, vou responder as perguntas que não querem calar na sua cabeça:
- Não. Ela não rola do colchão.
- Não. Ela não passa frio.
- Sim. Eu acho que o Brasil vai ganhar a Copa.
Fim e boa noite! 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

7 !




Hoje completamos mais um mês de vida da Eleonora! SETE MESES de felicidade, aprendizado, doação, responsabilidade e amor.

O sexto mês foi sem dúvida o mês mais intenso desde que ela nasceu. Mentira, o primeiro foi mais; mas, o sexto vem na segunda posição ali grudadinho no primeiro, quase ultrapassando. 

Essas últimas 4 semanas foram maravilhosas, e igualmente difíceis. Foram maravilhosas pois a menina aprendeu uma coisa nova por dia literalmente. Foi tipo assim: ontem ela não sabia sentar, mas hoje ela já sabe, e senta sem apoio como se tivesse feito isso a vida inteira! Sabe, eles aprendem rápido demais, é uma coisa assustadora, sério. E é isso o que me deslumbra cada vez mais desde virei gente, ops, mãe. 

Porém, como disse, essas últimas semanas foram bastante difíceis. Junto com o aprendizado diário, surgiu uma bebê extremamente agitada, um pouco irritada, curiosa além da conta, um tanto manhosa e uma bela de uma chorona. Cadê o meu bebê anjinho que estava aqui?

Vocês não têm ideia do TANTO que a Eleonora chorou esse mês. Só pode ter sido lágrimas acumuladas dos meses anteriores, não é possível. Era choro pra dormir, choro pra comer, choro pra mamar, choro pra tomar banho, choro no carrinho, choro no colo, choro no carro, choro na rua. Há uns três dias ela deu um show no supermercado, e eu jurei nunca mais na vida julgar aquelas mães que deixam os filhos urrando em lugares públicos. Gente, não tem o que fazer! A gente tenta de tudo, mas parece que quanto mais a gente tenta, maior o volume do choro fica. Então...
Depois de 4 semanas de treinamento intensivo de como lidar com choro excessivo, o meu cérebro já aprendeu a filtrar o que é urgente, o que pode esperar e aprendeu a simplesmente neutralizar o barulho. Essa semana eu estava trocando a pequena, e a Eleonora tava berrando só Deus sabe o porquê. Eis que então chega um dos meus irmãos e vai lá no quarto ver o que estava acontecendo. Ele pára, olha a cena: uma criança chorando loucamente como se tivesse acabado de descobrir que acabaram com todo o leite da Terra, e uma mãe mais tranquila impossível, trocando a fralda calmamente sorrindo e sem pressa, como se estivesse escutando uma música relaxante ou tomado uma caixa de Rivotril. Ele só olha pra minha cara e diz: NOSSA! Que bipolaridade nesse quarto.

Mas, vamos pra parte boa, rs.

Lá vai as proezas do último mês:

- pesa 7kg e mede 67.5cm (parei com a displicência e levei a bebeia na pediatra, uhuuul)

- voltou a babar mais de 250ml por dia. rs

- aprendeu a rezar a Ave Maria junto com a mamãe pedindo peloamordejesuscristo pra esses dentes nascerem logo.

- senta sem apoio



- se está sentada e quer um objeto que está fora do seu alcance, se joga como se não existisse o chão.

- se está de bruços, se apoia nos dois bracinhos para levantar o tronco. O único problema é que quando cansa e dói o braço, ela se solta de uma vez e vai com a cara no chão. E, pra variar, chora horrores.

- A-D-O-R-A ficar segurando os pézinhos; quando está deitada, parece um tatu-bola. FOFAAAAAA!

- tem dois novos apelidos: mão de gancho e mão de velcro. Ela agarra e gruda em tudo o que vê na frente. A gente vai andando com ela no carrinho pela casa e ela vai arrastando junto tudo o que o bracinho consegue alcançar no caminho.

- cortou a juba na cabeleireira (pena que eu esqueci de tirar foto! ela toda fofinha sentadinha na cadeira do salão...).

- está apaixonada pelos bichinhos adesivos na sua parede. Fica ali, tentando por a mão, por hooooras.



- o nível de amor pelo papai está fora do normal. É só ela escutar o barulho do portão que começa a virar a cabeça e a se contorcer tentando ver a porta do ap. Assim que vê o papai, abre um sorrisão M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.

- fica em pé se apoiando na coisas, mas se cansa rapidinho.

- não existe mais meia que pare no seus pés: ela arranca todas.

- tá com mania de virar a chupeta de cabeça pra baixo na boca.

- tá com mania de puxar o brinco da orelha. Medidas serão tomadas imediatamente.

- está morrendo de amores por beterraba.

- tirou o sono da mamãe que quase morreu de preocupação porque um inseto/besouro picou sua mãozinha e ela teve uma reação alérgica sem noção. Depois de três dias de remédio, graças a Deus sarou.




- aprendeu a fazer o som do "F". Agora, em vez de repetir 15 minutos seguido o dadadadadada, ela solta o fafafafafafafafa. Isso com litros de baba, é claro.


- fora isso tudo, dorme feito um anjinho! Bem-vindo, sétimo mês!



terça-feira, 3 de junho de 2014

A SAGA (Parte I)





Depois que eu escrevi o post contando um pouquinho do meio-aniversário da Eleonora, um monte de gente veio me perguntar como tinha sido a introdução alimentar da fofinha. Eis que então vim aqui hoje (demorei a escrever desde o último post devido a uma semana turbulenta, mães entenderão) contar um pouquinho do que eu carinhosamente chamo de A SAGA DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR. O nome soa meio caótico, mas é proposital, pois foi. Mentira, não foi tanto assim não, mas mãe que é mãe sempre exagera um pouquinho! Rs. Então, né...

Senta direito aí e vamos lá:

Como contei muuuuito resumidamente no post dos 6 meses, nós tivemos que adiantar um pouquinho a introdução de outros alimentos na rotina da menina. Por volta dos 5 meses, ela diminuiu de uma hora para a outra o seu já não tão grande apetite. Não queria mamar, e, quando mamava, era só um pouquinho, era coisa de 3 minutos em cada peito e pronto. Fiquei preocupada. Pensei em milhões de coisas que poderia estar causando tal fato, desde o surgimento de dentes até alguma doencinha normal de bebê. Mas, como não sou médica (nem vidente),  achei melhor ter uma palavrinha com a pediatra para podermos tomar a atitude correta e tentar descobrir o que estava causando a falta de fome na garota. Checamos tudo: produção de leite. Ok. Pega correta. Ok. Posição correta. Ok. Dentes. Ok. Dor de ouvido. Ok. Algum desconforto muscular. Ok. Nariz entupido. Ok. Alguma doencinha. Ok. 

NADA. Eleonora não tinha nada. Estava mais do que bem no quesito saúde, e só uma coisinha preocupava: ela estava um pouco abaixo do peso, não ganhou o suficiente. A médica, então, receitou um complemento ao leite materno, um leite artificial para ver se dava uma mãozinha. 

Lá vamos nós: compramos o Nan. Gente, sério. Imagina que você está em casa, de boa, vendo tv, quase dormindo no sofá... de repente, você escuta berros. Alguém está apanhando. E então o choro aumenta. "Meu Deus, estão maltratando uma criança", você pensa. E o berros triplicam, em quantidade e altura. "Agora eu chamo a polícia!", é o que você decide fazer depois de escutar tamanha brutalidade. Pois bem, foi isso que deve ter se passado na cabeça dos meus vizinhos na noite que tentamos dar a primeira mamadeira de Nan para a Eleonora. Na verdade, no nosso ap, o que se passava era um pai e uma mãe tentando carinhosamente e pacientemente alimentar sua pequena filhinha. Nós fomos com calma, tentando devagarinho, colocando de pouquinho em pouquinho o leite na boquinha dela. Mas, a menina, que não é boba nem nada, deu um jeito de botar a boca no mundo para dizer que tinha mais do que odiado o gosto daquele leite que definitivamente não era o da mamãe.
Tentamos então o Aptamil, eeee...Bingo! Deu certo. Assim... não é que ela amooou, morreu de amores por esse leite, mas ela bebeu. E não chorou. Enfim, quando os astros alinhavam, ela bebia uma ou duas vezes na mesma semana uns 90 ml, e se os astros alinhassem 2 vezes, ela bebia 120 ml, rs. Mas, mesmo no meio de tanta alegria,  não foi o suficiente. 

Partimos então para a introdução de fato, foi o jeito: bem-vindas, frutas!! Adeus leite artificial. Voltamos então para o aleitamento materno, apenas.

E então lá fui eu, que queria adiar esse momento o maior tempo possível, começar a dar frutinhas para a bonita. E já vou dizendo logo de cara que eu quis desistir. Queria mesmo. Queria chorar. Queria minha mãe. Só porque no primeiro dia que ela tomou suquinho de laranja, ela odiou, quis golfar e pôr tudo pra fora. Mas uma força superior enviada pelas mães que já estão no céu me ajudou, e eu fui persistente. E logo ela começou a gostar, e pedir mais....um dia tomava 20ml, no outro foram 30ml, logo 40ml, e por fim uns 70ml. BAZINGA!

Gente, vou contar pra vocês. Foi nesse dia dos 70 ml que eu me empolguei. Me empolguei demaaaais. Tipo, eu ficava matutando: a Eleonora não sabe NADA da vida, NADA de sabores, NADA de texturas. É como se fosse um ser humana zerado, que tem que aprender tudo (e tem mesmo!). E se ela não sabe nada... então eu vou ter que ensinar. E que seja o melhor possível. E nada de impor limites quanto a alimentação, nada de bloqueios, nada de deixar  que o meu paladar influencie o dela.
Dizem que as crianças só comem bem quando têm o exemplo em casa. É verdade. Porém, eu resolvi aproveitar que ela ainda não tem entendimento das coisas, e ela será meu exemplo. Eu, que adoro uma boa comida porcaria, um fastfood mais fast possível, um refri bem gelado....vou usar dessa oportunidade de alimentar minha filha, para ver se melhoro a minha alimentação também. Resolvi que a Eleonora irá provar tudo o que tem de mais saudável e natural. Tudo o que ela comer, eu vou comer também. Se ela come uma fruta, eu também como. E lá fomos nós.

Conversei com minha tia pediatra e foi ótimo. Eu queria saber o que ela NÃO podia comer, o que eu deveria evitar, e o que estava liberado. No dia seguinte eu já estava aloprando no varejão aqui perto de casa. Rs.

Começamos com o básico: pêra, maçã e banana. Os primeiros dias foram horríveis. Ela estranhou muito, o gosto, a textura, por mais que a fruta estivesse bem madura. Me lembro que praticamente tentei aquela forma de introdução alimentar que tá na moda, o BLW (baby led weaning), em que o bebê come sozinho, com as mãos, os pedaços dos alimentos. Eu dava o pedaço de pêra na mão dela, e esperava ela provar sozinha, lambendo tudo, para ver qual seria a reação. Se fosse positiva, eu já ia dando a fruta bem raspadinha na colher. Foi assim com as outras frutas também (as que davam, né?). Logo ela foi tomando gosto pela coisa (graças a Deus!!! Porque a sujeira na cozinha era assustadora!), e esse "teste" dela foi deixando de ser necessário. Eu sei que tive muita sorte em ter um bebê que gosta de provar as coisas. A Eleonora é assim, quando ela não gosta, ela detesta. Ela berra. Fecha a boca com vontade. Mas pelo menos ela prova, experimenta, tenta. É claro que algumas frutas tive que dar várias vezes pra me certificar de que ela realmente não gostou, ainda que isso implicasse algumas lágrimas, ânsias e batidas de mão na colher.

Por fim, a introdução se transformou na seguinte rotina: suco de manhã e fruta raspada ou amassada a tarde. E nesses quase dois meses ela já provou até que bastante coisa; entre sucos e colheradas, ela experimentou: banana, maçã, pêra, laranja ilhôa, goiaba, ameixa, damasco, pomelo, melancia, maracujá doce, uva, morango, lima da pérsia, pêssego e mamão. Umas foram odiadas, como a ameixa  in natura e o mamão. Mas outras foram sucesso: banana, pêra, goiaba e ameixa seca.





E assim foi. E aqui estamos. Justo eu que estava com uma preguiça moooonstra da introdução alimentar, me encontro divertindo horrores com as comidas da pequena. Ir ao varejão é minha saída preferida, hahahahahahaha!

Há 10 dias começamos com a papinha salgada, mas esse tópico será a parte II da saga. Ainda estamos nos adaptando. Jajá venho contar a ladainha.

AAhhhh!
Você está se perguntando se eu estou comendo mais frutas, né? Assim....mais ou menos. Estou aprendendo. Afinal, a introdução alimentar num adulto é beeeeeem mais difícil do que em um bebê. Ô se não é. Rs


Buenas noches!