quarta-feira, 25 de março de 2015

MATERNAR

Sabe aquele ditado que diz que filho  é igual video game, porque cada fase é mais difícil? 
Pois bem, nunca ouvi algo tão verdadeiro na vida. Hahahahaha é bem isso mesmo!
Eu achava que agora que Eleonora tá com 1 ano e quase 5 meses, eu ia conseguir me dedicar um pouquinho mais ao blog e fazer alguma coisa pra mim (tipo um exercício físico, ou uma aula de dança ou um curso de cultivo de bonsai. Whatever). Mas, olha, não. Não tem condições, ainda. Rs.
Conforme a idade avança para a pequena e sua percepção de mundo aumenta, ela se gruda mais em mim, agarra com força, quer me ver a todo instante. E ai se não for assim....é birra, é grito, é choro, é drama. Ela se joga no chão, e se debate, e protesta com toda convicção e aquela força de vontade que assustadoramente se nota em bebês. Ela ainda não sabe ouvir o "não", o "calma" e o "espera". E será que já deveria saber?

Se você está pensando que eu estou enlouquecendo em meio a tanto drama rolando por aqui e falta de tempo pra mim, a resposta é não. Tô de boa. Tô esperando o meu tempo. Tô maternando. 
MATERNAR é algo que acontece cada dia um pouquinho, e nos dá forças, nos dá ânimo, nos dá coragem. 
Maternar é fazer crescer 2 seres humanos: o que saiu de dentro de você e o que está dentro de você. Mãe e filho. 
Maternar é o que permite que, mesmo eu tendo dormido só 4hs na noite anterior, eu solte um sorriso sincero ao ver a carinha contente da cria pela manhã. 
É o maternar que me ajuda todos os dias a não fraquejar e sair correndo de medo diante do desconhecido.
Maternar é o que me faz repensar cada atitude minha durante o dia.
Maternar o que não me deixar fugir quando vejo minha filha tão pequena já imitando algum dos meus piores defeitos.
Maternar me ajuda a aceitar os erros, porque me permite também ver tantos acertos.
Maternar não me impede de ter momentos de insanidade, tipo gritar com minha filha bebê porque ela tacou o prato de comida no chão, ou tentar discutir com ela como se a pequena tivesse uns 15 anos, explicando o porquê ela tem que tomar o remédio pra tosse.
Maternar me amadurece, porque me deixa julgar muito menos outras pessoas, outras mães.
Maternar é difícil, muuuuuito difícil. Nos faz abrir mão de muitas coisas. E a recompensa às vezes nos passa tão despercebida....mas tantas outras vezes vem escancarada e avassaladora, na forma de um simples brilho nos olhos.
Maternar é amar outro coração. Mas é ainda amarmos cada vez mais nós mesmas.
Então me deixa, que eu ainda vou maternar muito tempo, antes de ter tempo pra mim.

Vô lá que a cria chora. E, não, ela não sabe esperar. Tudo a seu tempo, minha filha. Eu tô te esperando....maternando.


Bonne nuit.

quarta-feira, 11 de março de 2015

1 ANO DE MANO MATERNA




Há um ano, sentei nessa mesma cadeira pra por no papel todas as emoções acumuladas de quatro meses de recém-mãe. Pra quem não sabe ou nunca tentou, escrever é uma das melhores terapias que existem.

Assim nasceu o Mano Materna, mão de mãe. Escrito pelas mãos de uma mãe cheia de medos, de dúvidas, de angústias, de impaciência...mas, de muito, muito amor. E vontade de fazer o melhor, sempre. 

Assim são todas as mães, eu sei que são.

Foi nesse espaço, encarando a tela em branco, que coloquei pra fora sentimentos, momentos e situações inusitadas que aconteceram na minha vida desde que ela virou de cabeça para baixo.
Hoje, com certeza, sou do time daquelas que dizem que nenhuma mulher deve passar por essa vida ser sem mãe. Que loucura deliciosa que é essa vida.

Pois bem, desde que aqui estamos, foram poucos posts, mas foram mais de 10.000 vizualizações e milhões de mensagens de apoio, de carinho, de risadas, de pedidos....só tenho a agradecer. Quem me acompanha e troca experiências comigo não sabe o tanto que me faz feliz, me ajuda e me dá forças naqueles momentos que tudo que eu preciso escutar é : tamo junto! Rs

O ano de 2015 será cheio de Mano Materna, se assim for possível. Obrigada a todas as mães que, assim como eu, fazem parte da maternidade real e que, mesmo em meio ao caos, ainda gritam dentro do peito: Que experiência incrível!!


Termino esse pequeno texto com as verdadeiras palavras de Cris Guerra:

Dizem: quando nasce um bebê, nasce uma mãe também. E um polvo. Um restaurante delivery. Uma máquina de chocolate prontinho. Uma mecânica de carrinhos de controle remoto. Uma médica de bonecas. Uma professora-terapeuta-cozinheira de carreira medíocre. Nasce uma fábrica de cafuné, um chafariz de soro fisiológico, um robô que desperta ao som de choro. E principalmente: nasce a fada do beijo.
Quando nasce um bebê, nasce também o medo da morte – mães não se conformam em deixar o mundo sem encaminhar devidamente um filho.
Não pense você que ao se tornar mãe uma mulher abandona todas as mulheres que já foi um dia. Bobagem. Ganha mais mulheres em si mesma. Com seus desejos aumentam sua audácia, sua garra, seus poderes. Se já era impossível, cuidado: ela vira muitas. Também não me venha imaginar mães como seres delicados e frágeis. Mães são fogo, ninguém segura. Se antes eram incapazes de matar um mosquito, adquirem uma fúria inédita. Montam guarda ao lado de suas crias, capazes de matar tudo o que zumbir perto delas: pernilongos, lagartas, leões, gente.
Mães não têm tempo para o ensaio: estreiam a peça no susto. Aprendem a pilotar o avião em pleno voo. E dão o exemplo, mesmo que nunca tenham sido exemplo. Cobrem seus filhos com o cobertor que lhes falta. E, não raro, depois de fazerem o impossível, acreditam que poderiam ter feito melhor. Nunca estarão prontas para a tarefa gigantesca que é criar um filho – alguém está?
Mente quem diz que mãe sente menos dor – pelo contrário! Ela apenas aprende a deixar sua dor para outra hora. Atira o seu choro no chão para ir acalentar o do filho. Nas horas vagas, dorme. Abastece a casa. Trabalha. Encontra os amigos. Lê – ou adormece com um livro no rosto. E, quando tem tempo pra chorar – cadê? -, passou. A mãe então aproveita que a casa está calma e vai recolher os brinquedos da sala. “Como esse menino cresceu”, ela pensa, a caminho do quarto do filho. Termina o dia exausta, sentada no chão da sala, acompanhada de um sorriso besta.
Já os filhos, ah… Filhos fazem a mãe voltar os olhos para coisas que não importavam antes. O índice de umidade do ar. Os ingredientes do suco de caixinha. O nível de sódio do macarrão sem glúten. Onde fica a Guiné-Bissau. Os rumos da agricultura orgânica. As alternativas contra o aquecimento global. Política. E até sua própria saúde. Mães são mulheres ressuscitadas. Filhos as rejuvenescem, tornando a vida delas mais perigosa – e mais urgente.
Quando nasce um bebê, nasce uma empreiteira. Capaz de cavar a estrada quando não há caminho, só para poder indicar: “É por ali, filho, naquela direção”.
OBRIGADA!

segunda-feira, 9 de março de 2015

CAOS NOTURNO



Sabe, às vezes as pessoas me perguntam se a Eleonora é um bebê que dorme bem. Bom, eu não sei. Acho que não, acho que sim. Eu diria que ela é um bebê que dorme muito. No entanto, dormir muito não significa dormir bem. Por mais que ela durma das 20h às  9h do dia seguinte, por exemplo, nunca essas 13 h são ininterruptas. Ela acorda muito durante a noite: pedindo água, pedindo chupeta, pedindo mamadeira, pedindo pra trocar a fralda (eu mereço?) ou simplesmente acorda pra tagarelar um pouquinho. Normalmente, cada acordada leva meia hora pra voltar a virar sono. Então no meu caso, cada acordada vira, no mínimo, 45 minutos para virar sono de novo.
Alguns dirão: porque você não dorme depois de dar a chupeta? Não capota?
Vou te contar: mãe não dorme se o bebê tá acordado. Isso é um fato. Já superei. Não adianta.

Tá, se Eleonora tá com 1 ano e 4 meses e eu decidir levar todas essas informações para os números, levando em conta que a pequena já me deu de presente umas 10 noites de sono ininterrupto, deve fazer uns 470 dias que não durmo a noite inteira. 470.

Gente, eu to cansada. Muuuuito cansada. Hoje, meu sonho de consumo é dormir mais de 3 ou quatro horas seguidas.  Por favor, alguma mãe santa me diz que esse dia vai chegar?

Hm, e sabe o que é pior do que o bebê acordar muito durante a noite? É os momentos de caos, QUE SEMPRE ACONTECEM A NOITE! Sabe aquela dor de dente? Dor de barriga? Dor de cabeça sem noção? Em bebês essas coisas só aparecem depois da meia-noite. Sempre. Eu chamo esses momentos de caos noturno.

Há uns dias atrás, por exemplo: Eleonora tava meio doentinha, resmungando, não queria comer. Foi para cama às 20h e pouco, logo depois de jantar. Beleza.  Deu meia-noite e bingo! Chorou porque queria mamar. Mamou gracinha (ela mama sozinha e quando termina ela chama e fala “tó”, e entrega  a mamadeira pra gente). 15 minutinhos depois, ZzzZzzzz. 
Eu, que tava com começo de virose e quebrada, não via a hora de voltar pras cobertas. Eis que, assim que eu deito, eu escuto um barulhão, meio de sopro, meio de pum, vindo lá do quarto. Já pensei: ai, não.

Levantei e botei a cabeça dentro do quarto escuro. Silêncio. Voltei pra cama.
Mas, vocês sabem, instinto materno não falha, né? Não me dei por convencida, voltei, peguei meu celular e liguei a lanterna. Entrei no quarto da pequena e iluminei um pouquinho. Ela tava desmaiada. Cheguei mais perto e iluminei o berço...... Nessa hora, queridos amigos, eu quis sentar no chão e começar a chorar. Eis que a bonita tinha feito um cocô astronômico, daqueles bombásticos. Tinha sujado lençol, colchão, short do pijama, camiseta do pijama e até o travesseiro!! E a menina? Desmaiada.

Nessas horas não tem como se virar nos 30 sozinha. Chamei o pai e lá fomos nós para a operação resgate madrugada adentro. Tirei ela do berço dormindo e coloquei no trocador. O pai foi já tirando o lençol sujo e limpando o colchão. Eu fui limpando a menina e tirando a roupa. Nisso ela semi-acordou. Até aí, beleza.
Mas como desgraça pouca é bobagem, abrimos a fralda e? Ela tava muuuuuuuito assada. Tadinha, que dó, meu Deus. Não dava pra limpar com lencinho, ia machucar mais.
Lá vamos nós então para o chuveirinho. Acorda de vez o bebê (nããããããããooooooooo!) e vai lavando na pia. Nisso, ela já urrava enquanto eu segurava e o pai ia lavando. Chorava de dor, tadinha (e eu junto!).

Gente, a menina agarrou em mim na hora de secar. Não me soltava, insegura, com medo, com dor. Não queria nem ir pro trocador. Nisso, meu coração já estava partido.
Com muito custo, coloquei um pijama limpinho na menina, dei a chupeta e o paninho e fui colocar no berço. Ela parecia um gato! Hahahaha não desgrudava as mãozinhas do meu pescoço nem com reza. Chorava, falando “mamãe, mamãe..." 

Me desculpem as mães que conseguem deixar o bebê chorando no berço e acham que isso é um ensinamento saudável, mas eu não tenho essa disciplina, essa frieza. Catei a criança  (eu, com o corpo quebrado, cansado, pedindo arrego) e lá vou eu noite afora ninar a fofinha. Eleonora, que nunca foi fã de ficar sendo balançada, ficou meia hora ali, chorando em silêncio, morrendo de sono e sem se mexer. Até que dormiu. Foi pro berço devargazinho....e eu cataploft na cama!!


Nem 15 minutos se passaram e MAMÃÃÃÃÃEEEEE.....

Sabe, nem preciso narrar os acontecimento seguintes. Acho que vocês já tiveram noção do caos, rs.
Quem acompanha o blog, já sente na hora o drama quando digo que só nos restou levar ela pra nossa cama, pra ver se  ela dormia e deixava o pai e a mãe fecharem os olhos só um pouquinho (se você não leu nosso relato de cama compartilhada, clique aqui).

É lógico que o mundo não pára de girar por causa de um bebê que não dorme a noite. Obviamente, então, o despertador toca às 6h no dia seguinte.
E a gente vai levando o dia, vai tomando café pra acordar, vai espreguiçando, tenta se sentir grato pela vida de mais um dia, enquanto torcemos com todas as nossas forças que o caos da noite seguinte seja menor. Ou que nem exista.

Às vezes, nossas preces são atendidas.

Às vezes, não.

Então eu venho aqui no blog-terapia desabafar, hahahahaha.

Aguardem o próximo. Rs



Beijos