terça-feira, 1 de abril de 2014

O MAL DO SÉCULO

Eu deveria começar este post me apresentando assim: Oi, me chamo Ana Luisa, tenho 24 anos e sou uma viciada. Há uma semana estou limpa, graças a Deus. Mas, não. Vou começar este post dizendo que estou com tanta vergonha de mim mesma escrevendo os recentes fatos que tenho vontade de me esconder num buraco e não sair de lá nunca mais. Ainda mais depois que todo mundo ler sobre meu vício quase incurável.
Mas, enfim. Admito. Sou uma viciada. Drogas? Sim. Qual? Adivinha. É artificial? Digamos que sim. Causa alta dependência? Sim. Você usa quando está sozinha? Sim e não. Quer dizer que você usa com outras pessoas? Sim. Quantas vezes por dia? O dia todo. Nossa, mas outras pessoas veem você usando? Sim. Elas também usam? Sim. Todas as pessoas? Sim. Todas? Sim, é a droga do século. É uma epidemia. Gente, mas que droga horrorosa é essa? Vou te contar: é o maldito celular. Essa droga que causa grande dependência andou dando uma rodopiada na minha vida, e eu estou disposta a (aos poucos) largar mão desse vício devastador.



Já faz um tempo que venho me sentindo um pouco incomodada com essa mania global do celular. Por onde quer que olhemos está todo mundo lá, batendo os dedinhos nas teclas, olhinhos grudados na tela, tirando fotos de si mesmo, tirando fotos de tudo ao redor... Vamos num restaurante e todo mundo da mesa lá, alienado no seu mundinho virtual. Começo acusando a mim mesma. Eu também não largo do meu aparelhinho jamais (leia-se em francês jamé). O meu celular não é o top do momento, não é o mais novo desejo dos geeks, nem motivo de ostentação para ninguém, mas ainda assim o mardito me envolve de um jeito que não quero largar dele nem que a vaca tussa. Mas, e daí? Tá tudo mundo assim e ninguém morreu nem se adoentou. Mas, eu sim, gente, eu sim fiquei doente. Do coração.

Explico.

Lembra que há alguns dias eu disse que estava numa fase meio tensa da amamentação? Que a bichinha daqui de casa estava se distraindo constantemente durante as mamadas e acabava por não sugar quase nada? Então. Foi assim: depois de dias de insistência, de mamadas no escuro, de horas e horas de paciência, descobri que na verdade a distraída era eu.

Explico novamente.

Quando comecei a amamentar era tudo muito novo, então eu ficava 100% focada no que estava fazendo. Precisava ter certeza que ela estava com a pega correta, que estava sugando, que estava na posição adequada e que, caso se engasgasse, eu estaria pronta para socorrê-la naquele segundo. Tensão total. Com tempo, as coisas foram se acalmando. A pequena ficou profissional no quesito agarrar o peito, rs, aprendeu a se ajeitar no meu colo como ninguém e mamava como se nós duas já estivéssemos fazendo isso há séculos, desde o começo da humanidade. Até aí, beleza.
Mas foi aí que a droga entrou na minha vida. Com a desculpa que eu usaria o celular apenas para ver as horas, comecei a me deixar envolver pelo brilho traiçoeiro daquela tela, que me levava para o mundo virtual, que me permitia ver o que estava se passando na vida dos outros, que me permitia passar umas 3 fases do Candy Crush por mamada, que me permita falar com 45603 pessoas tranquilamente no Zap zap (vulgo Whatsapp), sem ser interrompida com a bebê tentando por mão na tela do celular.
Foi então nesse momento que, com muita vergonha admito, passei a me focar mais no que estava acontecendo nas minhas mãos do que no que estava acontecendo nos meus peitos (rs!). E eu não percebia, mas isso estava influenciando a amamentação de uma forma tão negativa que eu jamais poderia imaginar...
O momento de amamentar é o ápice da interação mamãe-bebê. É nessa hora que o hormônio do amor é produzido, é nessa hora que ocorre as trocas de olhares mais intensas, é nessa hora que o bebê nos mostra toda a sua dependência e demonstra a sua mais sincera gratidão por estarmos ali, por termos lhe dado a vida.

Sim, é profundo. E muito verdadeiro.

Então, me explica: mas que diabos eu tenho na cabeça para deixar esse momento maravilhoso ser esquecido e trocado por um aparelhinho sem-vergonha que não vale mais que R$300? (Não pude deixar de pensar no vídeo da calça de mais de trezentos reais... é mais de trezentos reais, uma calça para uma jovem de 16 anos... quem já viu? Hahahahaha!  Pronto, parei.)

Então tomei uma decisão: chega de celular durante a amamentação. Foi difícil, muuuuito difícil nas primeiras vezes. Mas sobrevivi. E sabe o que mais? A Eleonora tá mamando que é uma beleza!! Fica toda quietinha, me olhando, pegando na minha mão, largando o peito só para me dar uma risadinha, jogar um charme e me mostrar o seu sorrisinho banguela. Uma fofa!




Estou extremamente contente com essa nova fase que estamos vivendo. Eu estou praticamente chamando esse novo momento de relactação, haha. Pois reaprendi a amamentar, e a curtir esse momento que é mais do que especial. Difícil, às vezes dolorido, às vezes cansativo, mas tão gratificante, tão apaixonante... que já sofro só de pensar que um dia ela irá desmamar, que dará seu primeiro grito de independência e que a mamãe não será mais tão indispensável assim.
O foco agora é chegar aos 24 meses (ou mais) com essa paciência, com essa disponibilidade. Se vou conseguir, não sei. Mas sei que estou aproveitando ao máximo esse tempo que voa, que passa rápido demais. E meu coração já se enche de tristeza e nostalgia em pensar que logo logo não dividirei mais esses instantes com esse serzinho tão amado.

O QUÊ? MAMÃE DISSE QUE VAI LARGAR O CELULAR?



DUVIDEODÓ!!!

BÔNUS: Para você que nunca viu o vídeo da calça de R$300 reais aí vai link (eu não consegui carregar o vídeo!) ISSO É BRASIL! :(
https://www.youtube.com/watch?v=5GEEf963wYA 

2 comentários:

  1. Oi Ana Luisa,tudo bem?A Eleonora é uma graça,linda demais.E quanto ao bendito celular,sim é um vicio mesmo.Sou prova viva disso.A estou adorando seu blog,anciosa pelo próximo post.Um grande beijo...

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